Cerca de 200 índios que estão em tratamento médico das etnias Kayapós, Tembés e Wai-Wai ocuparam a Casa de Saúde do Índio, na rua da Brasília, distrito de Icoaraci, por tempo indeterminado. Eles reivindicam melhorias no atendimento à saúde, manutenção das ambulâncias paradas, medicamentos nos ambulatórios, transporte digno e alimentação.
Os índios ocuparam a portaria da casa, não permitindo que ninguém saísse. “Quem entrava, tomava pé da situação e por conhecer os nossos problemas se tornava solidário à nossa luta”, informou Piná Tembé. Eles aproveitaram a presença dos jornalistas para mostrar a situação de abandono da Casa do Índio. Na farmácia, faltam medicamentos básicos para atendimento aos indígenas. “Aqui só tem álcool e algodão”, informou o líder José Timbira.
No consultório, um único médico que atende os indígenas, Lino Faro. Em frente ao consultório, em uma sala que deveria ser o consultório dentário os índios mostraram que tem apenas uma mesa com uma cadeira para o dentista. “Isto aqui que eles chamam de consultório dentário”, reclamou o indígena Mydenege.
“Viemos para cá há duas semanas em busca de atendimento, mas não tem medicamento, não tem transporte, nem alimentação, então ninguém entra e ninguém mais sai até conversarmos com a diretora da casa”, informou José Timbira.
A capacidade da casa é de 60 índios, hoje abriga 200. Longe de casa, eles chegam a pagar consultas particulares e comprar remédios, além dos gastos com transporte para conseguir atendimento. Das ambulâncias que deveriam servir a casa, apenas duas de revezam 24 horas.
Ao meio-dia funcionários que tinham filhos para buscar no colégio foram liberados, enquanto outros funcionários se diziam solidários à questão indígena, preferindo ficar para engrossar o movimento. Os índios exigem a presença da chefe do distrito Guamá-Tocantins, Daniele Soares Cavalcante, que está em Marabá e retorna a Belém hoje, por volta do meio-dia, quando os indígenas esperam ter uma reunião com ela.
FISCALIZAÇÃO
Às 17h os funcionários foram liberados. No entanto, o protesto dos indígenas continua até hoje. O Ministério Público Federal (MPF) se comprometeu a aumentar a fiscalização e cobrar informações dos órgãos responsáveis pela saúde indígena, além de fazer um levantamento sobre a qualificação dos funcionários que prestam o atendimento nas Casas de Saúde Indígena (Casais) do Pará. O procurador da República Felício Pontes Jr. também decidiu notificar oficialmente a Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre estas providências.
As medidas foram definidas a partir da reunião na tarde de ontem com índios de várias etnias, na sede do MPF em Belém.
Fonte: Jornal do Pará