terça-feira, 5 de junho de 2012

Povo Guarani da Região de Parelheiros - SP Sofrem Atentados a Bala Por Proprietários Ilegais da Região

No dia 19 de Abril de 2012, saiu no Diário Oficial da União a publicação da ampliação das terras guaranis na região de Parelheiros em São Paulo, de apenas 20 hectares para 15.969 hectares de terra. Uma conquista comemorada no dia 19 de Abril com muita emoção pelos guaranis das aldeias Krucutu e Tenonde Porã.

Porém , desde então, os índios daquela região vem sofrendo ameaças por parte dos proprietários de terras griladas da região que, mesmo estando em situação irregular, não pretendem desocupar as terras que agora pertencem oficialmente ao povo guarani m'bya.
Logo na semana seguinte, homens desconhecidos estiveram na região da aldeia Tenonde Porã e alertaram à alguns índios que ali estavam conversando, que esta situação não iria ficar assim. Se retiraram e logo começaram os atentados.

Carros ocupados com homens desconhecidos rondam as dependências das aldeias sempre no final da tarde e inicio da noite, observando o movimento das aldeias e olhando para os jovens e crianças de forma ameaçadora.

No domingo dia 27 de maio, homens desconhecidos apontaram armas de fogo para um jovem guarani que colhia lenha no final da tarde. Na sexta-feira dia 1° de junho, dois jovens guaranis sobreviveram a um ataque com armas de fogo, onde dois carros com 3 pessoas cada um pararam diante dos jovens e dispararam 4 tiros contra os jovens que se jogaram na mata se escondendo atras de uma árvore. No ultimo Sábado, dia 2 de junho, um carro preto com 4 homens armados foi visto rondando a região.

Eu vim buscar alguns documentos aqui quando vi o carro. Ele passou devagar. Tinha 4 pessoas dentro. Eram homens. Olhavam pra aldeia como se procurassem alguem. Depois parou, ficou um tempo parado, depois seguiu devagar e foi embora. As pessoas do carro ficavam olhando pra aldeia o tempo todo como se procurasse alguém. Eu achei muito estranho." Contou uma moça, funcionária do CECI Tenonde Porã, cujo nome deve ser preservado por questão de segurança a pedido da mesma e do cacique da aldeia.

O cacique da aldeia conta que logo após a oficialização da ampliação das terras, iniciaram-se as ameaças, as repressões e os atentados. O principal alvo dos pistoleiros são as crianças de 9 à 16 anos que saem de suas casas no final da tarde pra colher lenha. O medo se instalou por toda a aldeia.

"outro dia veio um senhor aqui dono de um desses sitios que fica por aqui, veio com mais dois e disse que vai matar os indios e que não vai sair da terra por que a terra é dele. Eu me preocupo pelos jovens por que eles atacam sempre quando eles vão buscar lenha no finalzinho da tarde." 


Ao que consta em documentações, das 12 propriedades da região, apenas 3 tem escritura legalizada e esta em situação regular. Todas as outras estão em situação ilegal e terão que sair do local sem direito a indenização.

O cacique da aldeia juntamente com as demais lideranças vão elaborar um documento detalhado sobre a situação que permeia a região e coloca em grave risco os indígenas residentes, com um pedido de proteção policial e encaminhará ao ministério publico e policia federal.