Por Tonico Benites
Ao relato abaixo, acrescento que o secretário Paulo Maldos nos disse que ficou "impressionado com a prepotência do prefeito e dos outros fazendeiros".
Paulo disse à eles que não podem agredir os índios e se algo acontecer à comunidade eles serão chamados imediatamente para esclarecimentos, sendo considerados supeitos.
Segundo Eliseu Lopes, membro do Conselho Aty Guasu, "os políciais da Força Nacional revistaram e apagaram as fotos que o prefeito e os outros fazendeiros tinha feito dos índios. O Paulo ficou vendo tudo e só depois se identificou e o prefeito ficou sem graça. Ele pensou que era só a Fundação Nacional do Índio (Funai) que estava com a gente".
POR TONICO BENITES
ANTROPÓLOGO GUARANI KAIOWÁ-MEMBRO DE ATY GUASU
DECLARAÇÃO DE AMEAÇA DE MORTEVimos através deste documento socializar e denunciar as ameaças de morte ocorridas no dia 27/11/2011, às 16:15 h, na estrada pública distante 20 km da entrada do acampamento indígena tekoha Pyelito kue-Mbarakay, município de Iguatemi-MS.
Cerca de 100 lideranças indígenas guarani e kaiowá, após Aty Guasu no tekoha Yvy Katu, encerrada na manhã desse mesmo dia, fomos acompanhar a comitiva da Presidência da República do Brasil (Sr. Secretário de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidencia, Paulos Maldos, acompanhado do sr. Thiago Garcia e do sr. Bruno, da Secretaria de Direitos Humanos) em visita ao dito tekoha Pyelito kue-Mbarakay.
A comitiva da Presidência da República do Brasil atendeu a solicitação do Conselho da Aty Guasu, por isso agendou uma visita ao acampamento do Pyelito-Kue Mbarakay. A equipe visitou o acampamento destruído na margem da estrada pública. No local, o grupo indígena foi atacado violentamente por pistoleiros no dia 23/08/2011. Ali, aconteceu reunião Aty com a comitiva do Governo Federal. O encontro durou três horas – de 13:00 a 16:00. As lideranças do Pyelito Kue- Mbarakay narraram ameaças de morte existente contra o acampamento. Todas as noites há tiros de arma de fogo em torno do acampamento, não há segurança. Além disso, no acampamento, não há assistência à saúde e educação. A comitiva federal e sua visita foram escoltadas por equipe da Força Nacional de Segurança Pública.
Depois desta reunião, às 16 horas, retornamos do acampamento Pyelito, e, quando chegamos à encruzilhada da vicinal com a estrada asfaltada que liga Iguatemi a Tacuru, nos deparamos com as três caminhonetes. Os quatro ocupantes desses veículos estavam filmadoras na mão, filmando-nos. Fizeram ameaça publicamente: “Vamos queimar esses ônibus com índios! Índios vagabundos! Ficam invadindo fazendas”. Disseram ainda: “Recebi orientação da Roseli do CNJ para fazer isso, cercar os senhores e filmar e tirar fotos. Isso não vai ficar assim não! Esses índios vão pagar pelos seus atos, invasores das fazendas! Por isso tiro fotos... Ninguém pode com nós! Nós que mandamos aqui. Vai acontecer do jeito que nós queremos, nunca vamos deixar os índios e nem a FUNAI invadir fazendas”. E assim continou, filmando nós todos, com voz de tom nervoso. Diante disso, a polícia da Força Nacional e os integrantes da comitiva da Presidência da República desceram dos carros oficiais para conversarem com os quatros que estavam tirando foto. Um deles se apresentou como prefeito de Iguatemi, e outro, como presidente do Sindicato Rural de Iguatemi-MS. Os dois são fazendeiros da região de Pyelito Kue-Mbarakay.
Nós todos, cem lideranças, fomos filmados, tiraram as nossas fotos, e antes mesmo de a policia retirar dele a máquina fotográfica, entregaram para outra pessoa, em caminhonete S 10 que saiu imediatamente do local indo em direção à cidade de Iguatemi-MS.
Diante disso, pedimos a todas as autoridades, com urgência, que tomem providências legais cabíveis em relação ao caso narrado, em que houve ameaça de morte anunciada pelo prefeito e pelo presidente do Sindicato Rural. Ver algumas fotos em anexo.’
Aty Guasu do povo Guarani e Kaiowá-MSassinamos e encaminhamos este documento.
27/11/2011, Aty Guassu na margen da estrada publica - Pyelito Kue, no acampamento destruido pelos pistoleiros das fazendas no dia 23/08/2011 às 20hs
Prefeito de Iguatemi e presidente do sindicato rural, filmando a todos e ameaçando em 27/11/2011, as 16:14hs, na entrada do acampamento Pyelito Kue
O momento da ameaça. Homem que se apresenta como prefeito de Iguatemi, proprietario de fazenda na área de Pyelito Kue-Mbarakay ( com o dedo em rise) reforça ameaça aos indígenas alegando que agia sob orientações de Roseli do CNJ
Lideranças da Aty GUassu ficaram do outro lado da estrada enquanto a comitiva da presidencia dialogava com o grupo de fazendeiros, com segurança feita pela equipe da Força nacional de Segurança Publica.
Apelo enviado em 28/11/2011 no periodo da tarde, via Fecebook pelo parente Sassa Tupinambá que se encontra em Dourados pouco antes das ameaças.
"Ainda estou na regão de Dourados e hoje, eu e o Cacique Ládio, recebemos um telefonema de lideranças indígenas dizendo que um grupo de fazendeiros estão indo para Puelito Kue, onde ontem estivemos com representantes do governo e movimento indígena. Ontem, ao sairmos da aldeia em direção a rodovia, na estrada de terra que corta a fazenda, quando fomos abordados pelo presidente do sindicato rural Marcio Sorgatto e um grupo de fazendeiros que, mesmo com a presença das autoridades e da Força Nacional, se mostraram arrogantes para com os indigenas. Tiraram fotografias e filmaram como forma de ameaça. No momento mais tenso da conversação o prefeito da cidade mencionou que queria me prender por eu ter falado que ele é aliado dos fazendeiros, me acusando de desacato. Mais uma vez a comunidade será atacada por fazendeiros que foram prontamente atendidos pelo prefeito de Cidade de Itamarati, o José Roberto, do PSDB, contra os indigenas. Puelito Kue é a mesma aldeia que sofreu ataque na ultima sexta-feira. A força nacional deve ir para o local com urgência!" (Por Sassá Tupinambá)
Fontes informativas:
Sassá Tupinambá
Tonico Benites
Mayalú Txucarramae