A Funai (Fundação Nacional do Índio) de Ponta Porã confirmou nesta segunda-feira (10) que pistoleiros atacaram o acampamento indígena Arroyo Corá, no sul de Mato Grosso do Sul, na última sexta-feira (07) com derrubamento do acampamento e disparo de tiros contra os índios também hoje. A presidência da Fundação pede apoio à presidência da República para conseguir providências para o caso.
De acordo com a Funai, a Força Nacional encontrou um grupo de fazendeiros no acampamento, que se dispersaram. Um deles foi encontrado e abordado, mas não foi preso porque não estava com arma no momento. Nesta segunda-feira (10), um novo ataque foi feito pela manhã e durou até o início da tarde.
A Funai declarou também que expediu um ofício para a Força Nacional pedindo apoio na região, mas que não obteve resposta. Um funcionário será enviado sozinho de Tacuru para a região e deve chegar ainda nesta segunda para informar sobre feridos e acompanhar a situação no acampamento.
A assessoria de comunicação da Polícia Federal informou que a delegacia de Ponta Porã está em greve, por isso o acesso à região fica difícil.
Os índios guarani-kaiowá que ocupam desde 10 de agosto uma área declarada como terra indígena no município de Paranhos, a 477 quilômetros de Campo Grande.
Segundo relatos de índios que estão na tekohá (lugar onde se vive, no idioma nativo) Arroyo Corá, aproximadamente dez homens em uma caminhonete e mais dois a cavalo teriam se aproximado do grupo atirando para o alto.
Fazendeiro 'famoso'
Os indígenas fugiram para mata fechada até o final dos disparos. Segundo informações da Funai, o grupo chegou a ser abordado pelos homens da Força Nacional e agiu sob comando de um fazendeiro conhecido na região.
O nome apontado pelos índios é o mesmo citado por vários entrevistados pela reportagem há algumas semanas em Paranhos. O fazendeiro é apontado como um dos produtores rurais mais revoltados com a ‘retomada’ das terras, como os índios estão chamando o movimento.
“Tem um fazendeiro conhecido aí da região que falou pra todo mundo aqui: posso até sair, e entregar para os bugres, mas assim que a poeira baixar, eu lavo essa terra de sangue”, relata um dos produtores.
Ele se referia justamente ao fazendeiro agora apontado pelos índios como líder do ataque desta sexta-feira (7). Na ocasião, o proprietário rural foi procurado pela reportagem mas não foi localizado em Paranhos.
Os pistoleiros teriam ameaçado os índios de Arroyo Corá de morte, caso não deixem a terra ‘retomada’.
Segundo ataque
Os guarani ocupam áreas onde estão instaladas fazendas e dizem que novas ‘retomadas’ devem acontecer em protesto contra a Portaria 303 da AGU (Advocacia-Geral da União), que colocaria em questionamento 90% das demarcações de terras em Mato Grosso do Sul, segundo a Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul).
No último dia 10 de agosto, um grupo de aproximadamente 200 índios, incluindo mulheres e crianças, ocupou a fazenda Campina, que fica na tekohá Arroyo Corá. Houve disparos de armas de fogo e os guarani dizem que um homem, de aproximadamente 50 anos de idade, identificado como Eduardo Pires, está desaparecido desde então.
Eles também consideram a morte de um bebê como consequência do ataque. Apesar de o laudo ter apontado causas naturais para o falecimento da menina, Beatriz Centurião, de 20 anos, conta que se desequilibrou no momento em que fugia dos tiros disparados contra os índios e a filha dela, de apenas nove meses de idade, acabou ferida. A menina foi sepultada em Arroyo Corá.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) confirmou o confronto. Servidores do órgão estiveram no local com homens da Força Nacional e da Polícia Federal. Cápsulas vazias de diversos calibres foram recolhidas e um inquérito foi instaurado para investigar o episódio a pedido do MPF (Ministério Público Federal).
Segundo a Polícia Federal, a Funai já foi oficiada para ajudar na confirmação da identidade do homem desaparecido. Nos primeiros relatos, o índio chegou a ser confundido com um irmão que acabou localizado na aldeia.
Federal 'em cima'
Recentemente, em Aral Moreira, município próximo, o líder indígena Nísio Gomes também desapareceu após um ataque de pistoleiros contra índios na tekohá Guayviry. No começo, a versão dos índios foi questionada e testemunhas chegaram a ser indiciados pela Polícia Federal, que depois admitiu os indícios da morte do indígena.
Dezoito pessoas acabaram na cadeia, incluindo o presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira, e houve indiciamentos. Poucos produtores rurais aceitam falar abertamente sobre a situação, com medo de consequências judiciais. "A Polícia Federal tá em cima", diz um proprietário que conversou com a equipe, mas exigiu não ser identificado.
Na última semana, a Polícia Federal indiciou por 'incitação à violência' um proprietário de terra da região que disse, em vídeo e entrevista gravada, estar chamando os fazendeiros para a guerra contra os índios.
“A maioria dos fazendeiros está comigo. Arma aqui é só querer. Eu armo esses fazendeiros da fronteira rapidinho, porque o Paraguai fica logo ali, e na guerra não tem bandido”, avisou.
Em Paranhos, produtores rurais contam que já existem fazendeiros maiores desistindo de lutar pela posse da área. Mas afirmam que o sentimento de revolta pode fomentar atos de vingança.
De acordo com a Funai, a Força Nacional encontrou um grupo de fazendeiros no acampamento, que se dispersaram. Um deles foi encontrado e abordado, mas não foi preso porque não estava com arma no momento. Nesta segunda-feira (10), um novo ataque foi feito pela manhã e durou até o início da tarde.
A Funai declarou também que expediu um ofício para a Força Nacional pedindo apoio na região, mas que não obteve resposta. Um funcionário será enviado sozinho de Tacuru para a região e deve chegar ainda nesta segunda para informar sobre feridos e acompanhar a situação no acampamento.
A assessoria de comunicação da Polícia Federal informou que a delegacia de Ponta Porã está em greve, por isso o acesso à região fica difícil.
Os índios guarani-kaiowá que ocupam desde 10 de agosto uma área declarada como terra indígena no município de Paranhos, a 477 quilômetros de Campo Grande.
Segundo relatos de índios que estão na tekohá (lugar onde se vive, no idioma nativo) Arroyo Corá, aproximadamente dez homens em uma caminhonete e mais dois a cavalo teriam se aproximado do grupo atirando para o alto.
Fazendeiro 'famoso'
Os indígenas fugiram para mata fechada até o final dos disparos. Segundo informações da Funai, o grupo chegou a ser abordado pelos homens da Força Nacional e agiu sob comando de um fazendeiro conhecido na região.
O nome apontado pelos índios é o mesmo citado por vários entrevistados pela reportagem há algumas semanas em Paranhos. O fazendeiro é apontado como um dos produtores rurais mais revoltados com a ‘retomada’ das terras, como os índios estão chamando o movimento.
“Tem um fazendeiro conhecido aí da região que falou pra todo mundo aqui: posso até sair, e entregar para os bugres, mas assim que a poeira baixar, eu lavo essa terra de sangue”, relata um dos produtores.
Ele se referia justamente ao fazendeiro agora apontado pelos índios como líder do ataque desta sexta-feira (7). Na ocasião, o proprietário rural foi procurado pela reportagem mas não foi localizado em Paranhos.
Os pistoleiros teriam ameaçado os índios de Arroyo Corá de morte, caso não deixem a terra ‘retomada’.
Segundo ataque
Os guarani ocupam áreas onde estão instaladas fazendas e dizem que novas ‘retomadas’ devem acontecer em protesto contra a Portaria 303 da AGU (Advocacia-Geral da União), que colocaria em questionamento 90% das demarcações de terras em Mato Grosso do Sul, segundo a Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul).
No último dia 10 de agosto, um grupo de aproximadamente 200 índios, incluindo mulheres e crianças, ocupou a fazenda Campina, que fica na tekohá Arroyo Corá. Houve disparos de armas de fogo e os guarani dizem que um homem, de aproximadamente 50 anos de idade, identificado como Eduardo Pires, está desaparecido desde então.
Eles também consideram a morte de um bebê como consequência do ataque. Apesar de o laudo ter apontado causas naturais para o falecimento da menina, Beatriz Centurião, de 20 anos, conta que se desequilibrou no momento em que fugia dos tiros disparados contra os índios e a filha dela, de apenas nove meses de idade, acabou ferida. A menina foi sepultada em Arroyo Corá.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) confirmou o confronto. Servidores do órgão estiveram no local com homens da Força Nacional e da Polícia Federal. Cápsulas vazias de diversos calibres foram recolhidas e um inquérito foi instaurado para investigar o episódio a pedido do MPF (Ministério Público Federal).
Segundo a Polícia Federal, a Funai já foi oficiada para ajudar na confirmação da identidade do homem desaparecido. Nos primeiros relatos, o índio chegou a ser confundido com um irmão que acabou localizado na aldeia.
Federal 'em cima'
Recentemente, em Aral Moreira, município próximo, o líder indígena Nísio Gomes também desapareceu após um ataque de pistoleiros contra índios na tekohá Guayviry. No começo, a versão dos índios foi questionada e testemunhas chegaram a ser indiciados pela Polícia Federal, que depois admitiu os indícios da morte do indígena.
Dezoito pessoas acabaram na cadeia, incluindo o presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira, e houve indiciamentos. Poucos produtores rurais aceitam falar abertamente sobre a situação, com medo de consequências judiciais. "A Polícia Federal tá em cima", diz um proprietário que conversou com a equipe, mas exigiu não ser identificado.
Na última semana, a Polícia Federal indiciou por 'incitação à violência' um proprietário de terra da região que disse, em vídeo e entrevista gravada, estar chamando os fazendeiros para a guerra contra os índios.
“A maioria dos fazendeiros está comigo. Arma aqui é só querer. Eu armo esses fazendeiros da fronteira rapidinho, porque o Paraguai fica logo ali, e na guerra não tem bandido”, avisou.
Luiz Alberto |