A ativista Kuana Kamayurá juntamente com professores da rede publica de ensino da escola GDL, iniciaram no ultimo dia 31/08 a campanha SOLIDARIEDADE TAMBEM É QUALIDADE DE VIDA - Operação Guarani-Kaiowá, onde mobilizaram toda a escola em uma campanha de arrecadação de roupas e alimentos destinados aos índios da etnia Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul.
A campanha deu-se inicio devido a situação atual dos Kaiowá na região de Dourados e Paranhos que estão há 3 meses sem receber cesta básica e passam fome.
O lançamento da campanha contou com a presença do indígena Awete Parakanã, da etnia Parakanã, localizada na região de Altamira-PA, uma das aldeias que serão diretamente atingidas pela usina de Belo Monte e que tambem passa por dificuldades devido a omissão governamental. Awete falou da necessidade que os indigenas tem da ajuda da população das cidades, visto que os orgãos governamentais não prestam a devida assistencia cabivel, deixando os indios à mercê de fazendeiros, grileiros, garimpeiros e madeireiros, todos em práticas ilegais, que expulsam os indios de suas terras, deixando-os sem o minimo de condições de auto-sobrevivencia.
A professora de inglês Florence que viveu na região de dourados durante toda a sua infancia e que conviveu com os Kaiowás até os seus 23 anos, deu um depoimento emocionante onde primeiramente pediu perdão aos indigenas pelo que esta acontecendo na atualidade, alegando que no periodo de sua mocidade, esta realidade não ocorria com os indios kaiowá.
"Eu nasci em dourados e convivi com os indios ate os meus 23 anos. Eu conheço bem esta região, aonde esta acontecendo isto, e na época que eu estava lá, o indio não era tratado assim! O indio tinha o espaço dele e ele era respeitado. Como branca, representando os brancos, eu peço perdão à eles, pelas pessoas que morreram, pelas pessoas que foram sacrificadas sem motivo! Por que pra gente ter reflexão, precisa haver perdão, então eu em nome dos brancos eu peço perdão à eles por essas pessoas que estão morrendo inocentes lá! Havendo o perdão tem como Deus agir e com Deus agindo, teremos como reverter esta situação, por que tem que parar com isso, por que eles são nós! Eles não são só índios! Nós somos parte deles, nós fazemos parte de tudo isso! A minha bisavó era india, então eu tambem tenho sangue indio! E se o meu amigo indio, o meu irmão indio esta sofrendo, eu tambem estou sofrendo! Então em primeiro lugar eu peço perdão à eles por esta situação que esta acontecendo e agente vai fazer o que agente pode aqui na nossa escola arrecadando alimentos e roupas pra gente mandar."
A professora Marcia que apoiou em peso a campanha e encabeçou o projeto juntamente com Kuana abriu a campanha indagando o que esta acontecendo com as pessoas que seu senso de humanidade esta se esvaindo e iniciou um trabalho com os alunos do 1°B em conjunto com os alunos do 1°F, onde eles realizaram pesquisas e confeccionaram cartazes com os temas da campanha.
"Mas o que esta acontecendo com o povo? Por que não respeitar o direito do outro? O que esta acontecendo que as leis não estão sendo cumpridas? Eles tem o direito de permanencia à terra! Como eu posso pensar em qualidade de vida se o meu semelhante esta passando necessidade? Por que não ajudar se nós nos preocupamos tanto com excessos enquanto tem pessoas necessitando do basico? Como eu posso me dizer filha de deus se eu não cumpro o seu primeiro mandamento que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao proximo como a ti mesmo?São pessoas! E a preservação da nossa cultura onde fica? É bom que todos nós possamos ajudar o proximo, por que ajudando o proximo estamos ajudando a nós mesmos e a preservar a nossa real cultura, a cultura do nosso país."
As doações estarão sendo recolhidas no colegio estadual GDL, localizado no bairro do jordanopolis até o dia 14/09 e serão enviadas posteriormente ao Mato Grosso do Sul. As prioridades donativas são alimentos não pereciveis, roupas e artigos de higiene.
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