Docente da Universidade Federal do Amazonas diz que teve nome associado à Celestial sem a sua autorização, no tocante à negociação da compra dos direitos indigenas sobre as terras da Amazônia.
BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O irlandês Ciaran Kelly, principal executivo da Celestial Green Ventures, diz que o "coração da empresa" com sede em Dublin "está no Brasil". "Muito otimista" com o futuro da empresa no País, reforça que os contratos seguem um "rigoroso processo" de negociação com comunidades indígenas, prefeituras, proprietários, clientes e investidores.
Mas a atuação da empresa no País é estranha. Seu site menciona como um de seus integrantes o professor da Universidade Federal do Amazonas Juan Carlos Peña Marquez. Ao Estado, Marquez disse que não autorizou a inclusão de seu nome na lista. "Nem concordo com esse tipo de contrato, os indígenas não sabem o que estão negociando."
Outro integrante seria Anderson José de Souza, ex-presidente da Associação Amazonense de Municípios e ex-prefeito de Rio Preto da Eva. O site diz que ele atuaria como lobista de municípios em Brasília e seria responsável pela intermediação dos contratos em Manaus. Por telefone, Souza tentou desconversar, disse que tem atuação limitada como consultor e vê chances de expansão do mercado.
Souza foi a ponte para o contrato com a prefeitura de São Gabriel da Cachoeira. O prefeito Pedro Garcia disse que o "amigo" ficou com a única cópia do contrato que assinou com a Celestial. "Foi um contrato um pouco no escuro", contou ele na segunda conversa com o Estado. Na primeira, teve dificuldade para lembrar do acordo, no qual que espera receber R$ 250 milhões em cinco anos pelo comércio de créditos de carbono em uma área de 300 mil hectares. / M.S.
Fonte: O Estadão