sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Munduruku cria guerreiros no Congresso para assumir Funai


O movimento começou silencioso, como uma fera ferida que se arrasta em busca de proteção e resgate de forças para recuperar o seu terreno. Respaldado, soltou o urro da vitória.
É assim que está sendo vista a batalha que se trava nos bastidores do Congresso Nacional e na Esplanada dos Ministérios pela sucessão na Funai.
Ninguém se pintou para a guerra, evitando assim que feridas sejam abertas. Mas o exército que se formou em torno do índio da etnia Mundukuru Natanael Rodrigues Parente, da região de Manicoré, promete usar todas as suas armas para substituir Marta Azevedo por um guerreiro de verdade.
Natanael não tem soldados. A tropa que defende sua indicação é constituída por 49 oficiais da mais alta patente no Senado.  A começar pelo líder do Governo Eduardo Braga. Na linha de frente também estão outros próceres, a exemplo dos senadores Renan Calheiros, Eduardo Suplicy, Paulo Paim, Aécio Neves, Ana Amélia e Eduardo Lopes.
Ao líder do PRB coube dirigir ofício à presidente Dilma Rousseff, com cópias para a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e seu colega da Justiça José Eduardo Cardozo. O pleito: Natanael para a presidência da Funai.
Mas esse exército não se movimenta apenas no Senado. Emissários do líder Mundukuru atravessaram os salões azul e verde do Congresso Nacional e se postaram também na Câmara dos Deputados. Ali as forças cresceram. E outros mais de 100 combatentes se juntaram à batalha.
A hora da verdade está chegando. Os índios, donos da terra, pouco resistiram à chegada de Pedro Álvares Cabral. Passados mais de 500 anos da ocupação, cobram uma compensação. Ao menos a direção da Funai, para que a raça não desapareça vítima do vírus de uma má administração que teria, constitucionalmente, que zelar por seu futuro.