segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Índios articulam criação de novo partido político

Objetivo do Partido Democrático Indígena Brasileiro é participar das políticas públicas

SÃO PAULO - Um grupo de lideranças indígenas articula a criação de um novo partido para defender a causa. É o Partido Democrático Indígena Brasileiro (PDIB) que, segundo seus fundadores, deve ser formalizado até o primeiro semestre do ano que vem.

- "A movimentação está na internet com as lideranças de todas as regiões. Já temos índios caingangues, guaranis, xokleng e xavantes. Mas vamos chegar a todas etnias. Estão todos muito empolgados" – diz Ary Paliano, 52 anos, índio caingague, advogado e servidor da Funai em Santa Catarina. Paliano é um dos articuladores do PDIB.

Segundo ele, a sensação de que a população indígena estaria alijada das decisões sobre a demarcação de terras e políticas públicas é o que motiva a criação do partido. A situação vivida pelos guarani caiová em Mato Grosso do Sul - com disputa por terras e falta de assistência governamental - seria um exemplo dessa dificuldade.
-" Nossa articulação é no sentido da tomada de decisões. O governo toma as decisões referentes aos índios sem levar em conta as nossas posições" – diz Paliano.

Para ele, a simples participação dos índios nos partidos políticos já existentes não resolve o problema:
- "Não conseguimos ter peso político nem nos partidos e nem nos governos. Elegemos alguns vereadores e muito de vez em quando elegemos um prefeito. Ficamos sem poder de pressão. Com um partido próprio, podemos negociar coligações e teremos força nos governos" - diz.

A ‘pressão’ pela causa indígena já deu resultado neste ano. Depois de uma intensa movimentação nas redes sociais, o governo federal e o próprio Congresso passaram a dar atenção especial à situação no Mato Grosso do Sul. Grupos de trabalho foram criados para acompanhar o drama dos índios no sul do estado.

ABERTA

Segundo Paliano, a nova legenda também será aberta a não-índios.
- "Somos democráticos. Temos de estar abertos a quem quiser ajudar"
.
O ativista diz que um grupo de 140 fundadores irá registrar o partido como pessoa jurídica. Depois começa a busca por assinaturas. A Justiça Eleitoral exige 0,5% do total de votantes da última eleição, ou seja, cerca de 500 mil assinaturas, distribuídas por nove estados. Paliano considera que o número é 'facílimo’ de ser obtido.

- "Somos 800 mil índios mais milhares de não-índios que simpatizam com a causa. Aposto que muita gente vai querer assinar."

Fonte: O Globo