Somam cerca de 350 indios de 21 aldeias de 9 etnias do médio Xingu e ainda prometem chegar mais gente, esses índios representam 10 mil pessoas de povos tradicionais indígenas que habitam o médio Xingu.
São 46 maquinas de grande porte paradas, as explosões na pedreira perto da ensecadeira também não acontecem desde o 1º dia de ocupação, também não esta permitido pelos indígenas que se trabalhem no canteiro de obras, mas alguns serviços seguem, como a segurança patrimonial, parte do administrativo e limpeza. Segundo um dos funcionários da norte energia cerca de 2000 funcionários ficaram sem trabalhar nessa parte da obra.
Neste período houve mais de 10 tentativas de varias pessoas vindas através da norte energia, inclusive a policia federal de convencer os indígenas a liberarem a retirada das maquinas na ensecadeira para um estacionamento da obra, e todas foram negadas, inclusive ontem uma balsa da empresa que passava no local , possivelmente para tentar retira algumas maquinas também foi retida e esta em poder dos indígenas. Também houve um pedido da empresa de reintegração de posse, negado pela justiça alegando que os índios só estão exigindo o que lhes é de direito.
Organização
O mais interessante desse processo é que a iniciativa e a organização é toda realizada pelos índios, fazem questão de não ter envolvimento dos homens brancos nessa ocupação para garantir a legitimidade indígena. O mais curioso é que a ocupação foi bancada com dinheiro da própria norte energia para iniciar a ocupação (uma espécie de mesada que recebem da empresa), e até o 14º dia a alimentação (café, almoço e jantar) eram levados e bancados pela empresa, serviço cancelado pelos índios que reclamavam da comida ser ruim e seca, agora tratam de fazer sua própria comida aproveitando a imensa quantidade de peixes no rio e a caça que encontram aos arredores da ensecadeira.
Reinvidicações
Os índios reinvidicam a presença do presidente da norte energia, Carlos Nascimento, pois já tiveram reuniões com inúmeras pessoas, diversos documentos em mãos e até agora quase nada foi realizado do que já deveria estar pronto a mais de um ano, como por exemplo as condicionantes do componente indígena para o licenciamento ambiental, condicionantes que como o próprio nome já diz que são condições para que se possa iniciar a obra, e quase nada foi realizado. Dentre elas a construção de estradas para terem acesso as cidades já que o rio vai secar e vai ficar sem possibilidade de navegação, somam 38 condicionantes.
Existe também o PBA, Plano Basico Ambiental, que era para ser estudado e aprovado juntamente com os indígenas e também serem iniciadas antes do inicio da construção. Porém apenas iniciaram a consultas aos indígenas, nem todas as aldeias foram consultadas e as que foram consultadas não aprovaram a proposta do PBA. O documento ainda não foi entregue e a obra segue acelerada.
E um terceiro documento foi realizado durante a ocupação dos indígenas que são uma serie de reinvidicações que exigem que sejam realizadas, algumas contempladas nas condicionantes e no PBA e outras que não foram pensadas pelos homens brancos como, por exemplo, o pedido de carros, pois como vão ter estrada para chegar a cidade e não tem possibilidade de fazer o trecho desta estrada a pé. Na próxima segunda feira 09 de julho tem uma segunda reunião com o presidente na norte energia e prometem ocupar até que as Condicionantes, PBA e reinvidicações extras tenham inicio e garantia de continuidade.
Por fim, acredito que o maior culpado nesse processo todo, que permitiu a situação chegar até esse ponto é o próprio governo brasileiro que permite que a empresa inicie as obras, invista em infraestrutura da obra, em prédios na cidade em publicidade em aeroportos, publicidade no rio de janeiro durante a rio + 20 (dizendo que a empresa leva benefícios as populações locais) e não iniciaram boa parte das condicionantes que já deveriam estar prontas. Cabe agora as populações terem que colocar sua integridade, seu tempo, casas, famílias, trabalhos de lado para ter que ocupar, reinvidicar e literalmente brigar pelos seus direitos, já que o governo não faz o seu papel.
Por Rafael Salazar