Os impactos negativos decorrentes da construção da barragem de Belo Monte já respingam nos municípios atingidos. Em Brasil Novo, por exemplo, cidade da transamazônica com cerca de 20 mil habitantes, há 80 quilômetros das obras da barragem, os efeitos são sentidos principalmente nas áreas da educação e saúde.
Com o aumento populacional os serviços estão defasados, e para garantir a matrícula na escola estadual do município, cerca de 100 pessoas tiveram que dormir na fila durante a noite do último dia 24. Uma senhora que não quis se identificar, contou: “Fui para lá às 7 horas e passei a noite toda esperando. Às 8 horas já havia 60 pessoas. Começaram a atender às 8 da manhã do dia seguinte. Quando saí, ainda ficaram 80 pessoas”.
Na saúde, o impacto ainda é mais grave. Maria Pinto, também moradora de Brasil Novo, tem a solicitação de fazer uma tomografia, que só poderá ser feita em Altamira. Esta cidade, que vê sua população crescer desordenadamente por causa da usina, só conta com dois desses aparelhos, um particular que está quebrado e outro no hospital regional da transamazônica.
Para fazer o exame no hospital, o paciente tem que preencher uma ficha e ficar aguardando. A espera pode durar meses. Maria deverá, então, viajar a Santarém, que fica a mais de 500 quilômetros de distância, ou a Belém, a mais de 1000 quilômetros, para fazer os exames.
“Belo Monte foi e é apresentada pelo governo e empresas como a redenção de Altamira e região. Houve promessa de 4 bilhões de reais para questões sociais e ambientais. O que se vê, porém, é uma corrida maluca na construção das obras civis da barragem”, afirma Claret Fernandes, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
“O MAB, que vem acompanhando de perto as ações da Norte Energia, está organizando o povo atingido e repudia essa ditadura econômica em detrimento dos bens naturais e das pessoas”, finaliza Claret.
Fonte: MAB - Movimento dos Afetados por Barragens